A Teoria da Relatividade é bastante inflexível: nada pode viajar mais rápido que a luz. A velocidade máxima permitida no Universo seriam os tais 300 mil Km/s, e olhe que somente partículas sem massa (como as que compõem a luz) poderiam chegar lá. Albert Einstein chegou a essa conclusão ao equalizar matéria e energia como duas faces de uma mesma moeda, na versão de sua teoria formulada em 1905. O que o físico alemão demonstrou é que todos os conceitos que os cientistas antes tinham como absolutos (como massa, distância e tempo) eram na verdade relativos, dependendo das circunstâncias de quem os observam. As equações de Einstein demonstravam, por exemplo, que um objeto ganha mais massa quanto maior for a sua velocidade.
De forma inversa, quanto mais rápido ele avança, mais devagar o tempo passa. E todas essas conclusões já foram confirmadas em experimentos de laboratório. Então, por que será que ninguém sente isso no dia-a-dia? Alguém aí percebe que o tempo passa mais devagar dentro de um carro a 100Km/h do que se ele estivesse parado? Ninguém percebe! E a razão é simples: essas coisas só se tornam perceptíveis quando a velocidade é próxima a da luz.
A teoria de Einstein demonstra que, quanto mais nos aproximamos da velocidade da luz, maior fica a nossa massa, e mais energia vai ser necessária para acelerar ainda mais.
No limite hipotético da velocidade da luz, nossa massa ficaria infinita, e exigiria energia infinita para seguir acelerando. Como ainda não inventaram nenhuma fonte de energia infinita, esse é o fim da linha. Será mesmo?
Não para o físico mexicano Miguel Alcubierre. Em um estudo publicado em 1994, ele sugere uma maneira de driblar a teoria de Einstein e viajar mais rápido que a luz. Lembre-se de que, segundo a teoria, não é só o tempo que é relativo: as dimensões espaciais (comprimento, largura e altura) também são. Alcubierre sugere essa é a chave para fazer viagens mais rápidas que a luz sem violar a relatividade.
Como? E se em vez de acelerar a nave loucamente, tentássemos simplesmente encurtar a distância a ser percorrida, manipulando as dimensões do espaço? Então mesmo viajando numa velocidade bem modesta, poderíamos tomar um atalho e vencer distâncias gigantescas! Na prática isso é viagem mais rápida que a luz.
O físico mexicano demonstrou que isso poderia ser feito sem violar nenhuma lei da física, mas exigiria a existência de "matéria exótica", uma hipotética substância que teria a propriedade de ter densidade de energia negativa. Essa mesma substância também é exigida para manter abertos os teóricos "buracos de minhoca" (nome que os cientistas deram para esses atalhos).
Pelo que sabemos, os buracos de minhoca não são uma violação da relatividade. Esses fenômenos permitiriam voos aparentemente mais velozes que os 300 mil Km/s.
Lamentavelmente, nenhum tipo de matéria que conhecemos hoje tem essa propriedade, e por isso, na prática, viajar mais rápido que a luz continua ainda tão impossível quanto na época de Einstein.
Mas há mais chances de se encontrar essa tal "matéria exótica" com energia negativa do que obter uma fonte de energia infinita.